A Fibromialgia é uma doença crônica, bastante
dolorosa, caracterizada por dor em diversas partes do corpo, em especial nas articulações,
nos músculos e nos tendões, podendo apresentar rigidez muscular, alteração do sono (insônia, sonos
leves), enxaqueca, transtorno de humor (ansiedade, depressão), prisão de ventre
ou diarreia.
Apesar da doença não ter causa definida, pode ser
provocada por distúrbios infecciosos, reumatológicos, neurológicos e até mesmo
psiquiátricos, como distúrbios de ansiedade. O tratamento é multidisciplinar,
ou seja, inclui medicamentos como antidepressivos, analgésicos e relaxantes
musculares, além de psicoterapia, acupuntura, quiropraxia, terapia ocupacional,
massagens e a terapia nutricional.
Por ser crônica, a síndrome acarreta impacto
negativo na qualidade de vida de quem possuí a doença, devido às dores e aos efeitos
colaterais por conta do uso prolongado dos medicamentos. A terapia nutricional
busca introduzir alimentos que sejam fontes de determinados nutrientes que
possam contribuir para melhorar os sintomas da doença.
Muitos estudos mostram a relação entre
aspectos nutricionais e a fibromialgia. Utilizar alimentos adequados para esta patologia
alivia as dores, já que certos nutrientes são responsáveis pela síntese dos
neurotransmissores (mensageiros cerebrais) associados à sensibilidade, dor e
sensação de bem-estar. As modificações alimentares ajudam a reduzir a fadiga,
melhoram a hidratação e a qualidade da evacuação, evitando problemas digestivos
e aumento do peso, por vezes favorecido pelo uso dos medicamentos.
O uso de analgésicos por um longo período de tempo
pode aumentar a eliminação de potássio e ácido ascórbico (vitamina C),
resultando em uma deficiência de ferro e, posteriormente, em anemia. Por
isso, legumes e verduras cruas como tomate, laranja e banana são importantes,
pois fornecem potássio. Além de ser um potente antioxidante, a vitamina C é
relatada na literatura como cofator essencial em pelo menos oito diferentes
reações enzimáticas importantes na modulação da dor. O pimentão verde, couve, salsa,
goiaba, laranja, limão, maracujá e acerola são ótimas fontes de vitamina C.
Os alimentos mais importantes na alimentação dos
pacientes que sofrem de dor crônica, são os carboidratos e os que contêm triptofano, pois são substancias que fornecem a serotonina que é o
neutrotransmissor capaz de reduzir a sensação de dor, diminuir o apetite,
relaxar e até induzir e melhorar o sono. O carboidrato, encontrado em
massas, pães, batata, milho, mandioca, cereais, frutas, mel, legumes, chocolate
amargo e doces (este último
com moderação). A
ingestão dos chamados carboidratos complexos, presentes em pães integrais e
massas, são os mais indicados
Já o triptofano (aminoácido responsável pela síntese
de serotonina) é encontrado em alimentos como carnes magras (peito de peru,
peito de frango e peixe), leite e derivados, nozes, leguminosas e banana.
As proteínas, ferro, cálcio, magnésio e vitaminas
do complexo B completam a dieta adequada para esta doença. Uma baixa ingestão
de proteínas faz com que nosso corpo utilize nossas reservas musculares para
adquirir os aminoácidos necessários para os processos metabólicos, deixando os
músculos ainda mais sensíveis.
O consumo de alimentos que sejam fontes de magnésio
mostra-se importante, uma vez que esse mineral atua no relaxamento dos
músculos. Cereais integrais, vegetais verde-escuros, nozes, damasco seco,
gérmen de trigo, grãos de soja, carnes, salmão, aveia, arroz integral e leite
são alimentos que contêm o mineral.
O ômega-3 (A-DO-RO), além de
proteger o coração e as artérias, auxilia na redução do colesterol, mantém os níveis
da pressão arterial, fortalece o sistema imunológico, auxilia nos tratamentos
contra depressão e ainda atua como
anti-inflamatório, o que é importante para a melhora do quadro sintomático da
fibromialgia. É encontrado
em peixes de água fria, salmão, atum, arenque, bacalhau, sardinha, óleos de peixe,
sementes de linhaça, abacate. Dessa forma, faz-se necessária uma alimentação equilibrada, rica em
alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios de forma a auxiliar no tratamento
da fibromialgia. A
alimentação anti-inflamatória é uma solução simples de ser adotada e os
resultados têm se mostrado satisfatórios no alívio dos sintomas.
Alguns alimentos considerados com alto poder de
alergenicidade como ovos, nozes, produtos lácteos e carne vermelha devem ser
evitados, assim como os alimentos com alta concentração de açúcar. Estes
alimentos podem aumentar a fadiga, dor muscular e interferir nos padrões
normais do sono. O açúcar e os alimentos ricos em sacarose como balas, doces e
confeitos possuem alto poder inflamatório e não são indicados para o portador
da fibromialgia.
Bebidas alcoólicas, as gorduras saturadas
(gorduras de carnes, de laticínios como creme de leite, manteiga) e gordura
trans (encontrada em alimentos como salgadinhos, bolos, sorvetes
industrializados) também devem ser evitados. O uso do adoçante aspartame assim
como o consumo de glutamato monossódico e de corantes é contraindicado, uma
vez que existem estudos que já relacionam a piora dos sintomas após o consumo
desses alimentos. Assim, ficar de olho no rótulo e preferir alimentos naturais
é sempre uma boa opção!
Vale lembrar que a alimentação nos permite diversas
possibilidades e que produtos à base de trigo, por exemplo, pode ter o consumo
alternado com alimentos como quinua, arroz, amaranto. O benefício dessa conduta
é evidente uma vez que o maior consumo de proteínas vegetais e o menor de
fontes animais têm sido apontados como opção de tratamento nutricional.
Atenção para o resumão de dicas importantes:
– Importante praticar atividade física;
– Consumir produtos ricos em ômega-3, uma gordura
muito importante para reduzir a inflamação e depressão. Presente em peixes como
atum, sardinha, salmão, linhaça dourada, abacate;
– Aumentar o consumo de vegetais verde-escuros e
frutas. Você terá a oferta de vários nutrientes, mas principalmente o magnésio
que ajuda a relaxar os músculos e a diminuir a dor;
– Consumir proteínas vegetais e animais de boa
qualidade como peixes, lombo, pernil, frango e ovo;
– Procurar ajuda de uma nutricionista!
O efeito dos nutrientes não é imediato e a
alimentação é apenas uma parte de todo o tratamento. Modificações na dieta
devem ser feitas gradativamente, com o objetivo de incorporar as modificações
propostas, sempre visando a qualidade de vida do paciente.
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Dra Mayra Montelato
Nutricionista
(13) 99177-7264