Você já
ouviu falar em Hipercolesterolemia Familiar? E em colesterol alto genético? Vou
explicar o que é a hipercolesterolemia familiar.
A
Hipercolesterolemia Familiar (HF) é uma doença genética, caracterizada por
níveis muito elevados do colesterol LDL (colesterol ruim), e pela presença de
sinais clínicos característicos, como xantomas tendíneos e risco aumentado de
doença arterial coronariana prematura.
É uma
doença grave responsável por 5-10% dos casos de eventos cardiovasculares em
pessoas abaixo de 50 anos. Estima-se que, no mundo todo, existam mais de
10.000.000 de indivíduos portadores de HF, no entanto, menos de 10% destes têm
diagnóstico conhecido de HF, e menos de 25% recebem tratamento.
A HF
possui penetrância de quase 100%, o que significa que a metade dos descendentes
em primeiro grau de um indivíduo afetado serão portadores e irão apresentar
níveis elevados de LDL desde o nascimento e ao longo de suas vidas.
O
diagnóstico precoce, a triagem em cascata das famílias e o tratamento
medicamentoso/nutricional, com sua manutenção ao longo da vida, são aspectos
importantes, pois podem mudar a história natural dessa grave doença, aumentando
a expectativa de vida desses indivíduos em 10-30 anos, através da prevenção da
doença cardiovascular prematura e do risco de morte nessa população.
O xantoma de tendão de
Aquiles é um sinal característico da hipercolesterolemia familiar, e faz parte
do critério de diagnóstico dessa doença. Cerca de 30% a 50% dos HF com
diagnóstico genético apresentam xantoma de tendão de Aquiles, xantoma tendinoso
e/ou arco corneano.
Embora não haja necessidade da
presença de sinais clínicos para o diagnóstico da HF, esses sinais, quando
identificados, sugerem fortemente a presença desta doença.
O diagnóstico de HF deve
sempre ser suspeitado em adultos com valores de LDL maior ou igual a 190 mg/dL.
Uma vez diagnosticado em
uma pessoa da família, é importante que seja feito o rastreamento em cascata,
que consiste em exame laboratorial para determinação do perfil lipídico em
todos os parentes de primeiro grau (pai, mãe e irmãos) dos pacientes
diagnosticados como portadores de HF. As chances de identificação de outros
portadores de HF a partir de um caso-índice são: 50% nos familiares de primeiro
grau, 25% nos de segundo grau e 12,5% nos de terceiro grau.
Recomendações
nutricionais no tratamento da hipercolesterolemia familiar
Medidas
dietoterápicas e relacionadas a mudanças de estilo de vida devem ser sempre
recomendadas para a prevenção da doença cardiovascular, advinda da HF.
Entretanto, geralmente em razão das elevadas concentrações de LDL decorrentes da
Hipercolesterolemia Familiar (HF), essas têm menor impacto sobre os lípideos do
que na população em geral. Portanto, o tratamento dietoterápico não trata a
doença, mas previne as complicações e outras doenças causadas pela HF. No
entanto, recomendações dietéticas podem produzir benefícios sobre a colesterolemia
(colesterol alto), os triglicérides, a parede vascular, o ajuste
do peso, o controle de outras doenças concomitantes como o diabete melito e a
hipertensão arterial, e deve ser incentivada a todos os portadores de
hipercolesterolemia, especialmente as crianças.
Recomenda-se
que uma alimentação equilibrada seja iniciada após os dois anos de idade. Isso
tem por objetivo alcançar os níveis lipídicos ideais preconizados pela Diretriz
Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
Embora em
crianças e adolescentes portadores da HF, a resposta dietética seja pequena,
ela se fundamenta na adoção de padrões alimentares adequados, mantendo-se a
ingestão de vitaminas e a quantidade de calorias necessárias para o
desenvolvimento e crescimento da criança ou adolescente.
Entre os vários
componentes dietéticos, são as gorduras trans que mais aumentam LDL,
seguida da gordura saturada.
O alto consumo de fibra
alimentar está associado com diminuição significante nas taxas de prevalência
de doença cardiovascular, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica;
além disso, os fatores de risco da hipertensão, diabetes, obesidade e
dislipidemia são menos frequentes em pessoas que têm alto consumo de fibra
alimentar.
O consumo de aproximadamente
3 g de fibra solúvel está associado com diminuição de 5 mg/dL nas concentrações
de colesterol total e LDL, o que pode predizer uma redução na incidência de doença
cardiovascular por volta de 4%.
A ingestão de gordura monoinsaturada,
como o azeite de oliva, abacate
e amendoim, juntamente com dieta rica em frutas, vegetais, grãos, carnes
magras e laticínios desnatados, se relacionam com menor concentração plasmática
de LDL.
A proteína de soja em substituição
da proteína animal está relacionado a maior controle dos níveis de lipídeos
plasmáticos.
Não é recomendado o
consumo de coco e óleo de coco para tratamento de hipercolesterolemia.
Para melhor conduzir
a orientação dietética, torna-se valiosa a colaboração do nutricionista.
Fonte: Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar.
Fonte: Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar.
Dra.
Mayra Montelato
Nutricionista
(13)
99177-7264
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